Pra contar minha história com a Francine, eu tenho que voltar um pouco no tempo, para vocês poderem entender em que estado emocional eu me encontrava. Eu estava doente do corpo, do espírito e da alma, e não tinha mais vontade de continuar vivendo daquela maneira. E foi nesse estado deplorável que eu a conheci.Quando se esta doente e essa doença ataca sua alma, tem que se ter algo muito especial pra você querer levantar e lutar. E a vontade de conhecer a Fran foi uma das duas coisas que me fez querer ficar boa,(A OUTRA FOI O AMOR QUE TENHO POR MINHA MÃE E POR MEU IRMÃO). Estou lutando contra a degeneração óssea desde Outubro de 2004.
Eu tinha um trabalho muito ativo como vendedora de moveis de uma grande em presa de eletro-domésticos. Andava de lá pra cá, subia e descia escadas. O meu setor era a sala, isso significa que eu cuidava de sofás, mesas, estante etc. E carregava bastante peso. Além disso era a responsável por todo o setor de moveis da loja e por isso, tinha que supervisionar todos os outros setores.
As dores na coluna começaram e eu pensei que fosse um problema de postura, mas não era. Em Fevereiro de 2005 descobri uma hérnia de disco. Comecei o tratamento e com isso fui afastada do trabalho, pois as dores eram muito fortes e como afetavam minhas pernas, as vezes eu nem conseguia andar.
Mas o tratamento não deu certo porque eu me mostrei alérgica aos remédios, e a minha única solução foi a cirurgia.
Fiz uma nucleoplástia, que é essa moderna, sem cortes e com injeção de gel, em Abril de 2006, na hora foi uma maravilha , mas dois meses depois, tudo tinha voltado e parecia que duas vezes pior.
O médico ficou me enrolando ainda por oito meses, dizendo que eu não tinha nada e no final apelou; me mandou procurar um psiquiatra. Eu fui, mas procurei também uma segunda opinião. Outro neurologista.
Esse médico me pediu pra tentar um tratamento para os nervos, pois os nervos da minha coluna é que estavam muito inflamados. Comecei um tratamento com oito tipos de remédios, sendo que quatro deles eram anti-depressivos. Ele disse que eu precisava pra ficar otimista, já que eu estava muito triste.
Esses remédios me deixavam drogada o dia todo, e ainda por cima eram muitos e caros ao ponto de eu ter que começar a pedir nas igrejas, pois ficou difícil compra-los. Mesmo assim eu fiz esse tratamento por um ano inteiro. Nos primeiros meses ele deu algum resultado, mas no final, eu além de drogada já não conseguia mais dar nem um passo sem antes dar um gemido de dor. O Dr. Alexandre me disse que já não podia mais me ajudar e me encaminhou a um outro neuro-cirurgião.
Nessa altura do campeonato, eu já tinha perdido os amigos do trabalho e o pessoal da academia. Os amigos de casa foram aos poucos cada um cuidando da própria vida e esquecendo da minha. Alguns, diziam "- Levanta dessa cama! Isso tá me parecendo mais preguiça da tua parte do que doença mesmo de verdade". Outros diziam: "-Você esta precisando de um bom pai de santo, pra fazer um bom descarrego." Uma amiga trouxe por nove semanas um grupo da igreja católica para rezar o terço no meu leito e pedir pra DEUS uma direção. Conclusão: Eu me encontrava em um estado lastimável, sentindo cada vez mais dor e sem amigos com paciência pra me ouvir reclamar, pois era só o que eu fazia. Por causa disso eu mesma dispensei o namorado, pois eu comecei a perceber que ele também já estava sem paciência e antes de sonhar que eu poderia estar sendo traída, o libertei do encargo de carregar uma pessoa que já estava três anos doente, de cama e quase sem andar. Nessa hora, só minha mãe e meu irmão Rodrigo, me ajudavam e me davam força. Nesse momento eu pensei que esse fosse o meu fundo de poço, mas a coisa ainda ia ficar bem pior.
Procurei o novo neuro cirurgião, ele refez todos os exames e depois de analisa-los, me disse que eu tinha quatro hérnias de disco na coluna lombo-sacra e que minha única solução seria a cirurgia aberta, mas que se tudo desse certo eu conseguiria eliminar 60 a 70% da dor. Isso pra mim já estava ótimo e eu marquei, fui e fiz a segunda cirurgia.
Passei dois dias no hospital. Fui pra casa e o médico me mandou retornar ao consultório quinze dias após. Nesse meio tempo eu pensava assim: ACABOU! Hoje minha vida mudou! Agora é só me recuperar da cirurgia e retomar minha vida de onde ela parou. Ledo engano. Durante esses quinze dias, antes de retornar no consultório do cirurgião, eu comecei com uma febre, tonturas, minhas forças indo embora como agua entre meus dedos, ao ponto de não conseguir mais tomar banho, tinha que parar e sentar para ver se conseguia me enxaguar, depois enxugar e tudo foi piorando ao invés de melhorar. Da ferida cirúrgica não parava de sair secreção e quando chegou o dia de retornar ao médico, eu não conseguia andar, estava indo embora, perdendo os sentidos, sem forças até pra falar. Me vi morrendo. Minha mãe chegou no médico desesperada, ele me examinou e disse que infelizmente eu tinha pego uma infecção hospitalar, me mandou retornar ao mesmo hospital e me internar outra vez. Um detalhe irrelevante, mas que vale a pena para ilustrar: Existe um exame que mede o nível de infecção no organismo, ele se chama PCR. O nível normal é de 0,5 e quando eu entrei no hospital o meu estava em 55. A infecção já havia chegado aos meus ossos, o meu potássio estava no chão, por isso o cansaço excessivo, e eu estava com anemia profunda e com um vírus resistente. Eu só tinha uma pergunta na cabeça:"- Por que isso tudo está acontecendo comigo?" Eu que sempre fui uma mulher forte, bonita, não estava entendendo. Pensei que fosse tirar de letra tudo isso! Agora que eu pensei que tudo estivesse acabado vem essa reviravolta? Não entendi nada, e minha cabeça ficou num estado deplorável, e foi aí que fiquei sabendo que iria passar no mínimo quarenta dias no hospital. Pior, depois de outra ressonância, a única solução era outra cirurgia, porque eu era alérgica aos antiinflamatórios. Angustiada e com o otimismo lá no pé, enfrentei minha terceira cirurgia na coluna. Correu tudo bem, mais ainda não era o fundo do poço.
Enquanto eu tomava quatro tipos de antibióticos e tinha uma serie de quarenta e dois dias pra cumprir, eu tive: Agua no pulmão, o coração cresceu, problema nas coronárias, tomei duas bolsas de sangue por causa da anemia que piorou depois da terceira cirurgia, coloquei uma bomba na ferida cirúrgica para lavar constantemente e fiquei com ela por quinze dias, o que foi extremamente doloroso, fiz quatro cirurgias para buscar as veias mais profundas, porque perdia todas dos braços: Entupia, o cate ter saia, a veia secava, e tudo isso na base da dor, porque lá descobri que sou alérgica até a dipirona.Durante todos os dias que fiquei internada, fiz o teste para anemia e diabetes. Isso significa que levei pelo menos oito furos em cada dedo da mão, querem saber o por que? Porque no fim peguei um segundo vírus e ao invés de quarenta e dois acabei passando oitenta e quatro dias no hospital. Vinte um deles em total isolamento.
Um dia clamei por misericórdia a DEUS pois não aguentava mais sofrer tanto, sentir tantas dores, eu queria sair dali e voltar pra casa. Ele me ouviu e uma semana depois eu estava em casa. Isso foi dia 29 de Dezembro. Estava em casa mas num estado psicológico deplorável. Foi muito difícil porque tinha engordado muito, tinha medo de andar, estava com vergonha da cicatriz. Sair na rua passou a ser um tormento. Eu achava que todos olhavam pra mim e o pior, com pena. Por ser uma mulher grande tinha sempre que provar que estava doente. Passei muitas humilhações com peritos do INSS. Pentear os cabelos já me doía e eu já sai do hospital sabendo que ia ter que fazer a quarta cirurgia, dessa vez na coluna cervical. Chorava muito com medo de pegar outra infecção e ter que ficar outra vez um tempo enorme lá e, aí o psiquiatra voltou a cena e junto com ele os anti-depressivos também. Os mesmos. Os quatro. Isso só até o dia 13 de Janeiro de 2009. A partir desse dia minha vida mudou. Eu conheci uma menina de 25 anos, gaúcha morando em São Paulo, com cara de boneca, jeito de moleca e loka. Completamente loka. O nome dela? FRANCINE PIAIA.
Logo na primeira noite ela me impressionou, fiquei com pena porque ela ficou muito tempo sozinha na casa e a partir daí eu já não tomei mais o remédio da noite, esqueci. Esqueci esse e todos os outros. Ria o tempo todo com ela e com o tempo comecei a alimentar a vontade de conhece-la.Minha mãe começou a vibrar, pois me ouvia dar gargalhadas de madrugada. Quando vi os problemas que ela tinha com o pai, fiquei pasma, pois mesmo assim ela conseguia ser alegre, divertida, bem humorada, sempre com uma piada na ponta da língua e sabia fazer as pessoas sentirem-se bem ao lado dela, coisa que não estava acontecendo comigo, eu só me lastimando de um problema que tinha solução. Estava em recuperação, tinha tudo pra dar certo; a cirurgia que me curaria 70% me curou de tudo; e eu reclamando da vida, chorando, com medo de sair de casa, pensando que as pessoas olhavam pra mim e perguntavam:-"Você está andando?" Mas que bom! Eu pensava que elas diziam isso, por causa da quantidade de peso que eu havia engordado e não por causa das cirurgias. Me achava a pior das pessoas, a mais feia de todas, mas olhando sua força, comecei a esboças uma reação. Dentro do meu coração, eu passei a querer ter cílios também. Não ligava por ter uma sobrancelha menor que a outra e passei a acerta-la. Aprendi que agente tem que se arrumar pra gente e não paras outras pessoas, que sendo assim o elogio vem naturalmente. Queria ter os seus olhos, meigos, bons. Quando me olhava no espelho o que via eram olhos tristes, uma expressão doente, que eu não queria mais ter. Agora meu coração não pedia mais, gritava. Mas antes tinha a quarta cirurgia pra fazer e fechar o ciclo. Fiz. Quando sai do hospital fui direto para o evento da playboy aqui no Rio. Fiquei cinco horas em pé, com minha mãe falando horrores. Mas eu precisava estar ao lado da Francine. Era muito importante pra mim e eu nem tão cedo teria outra oportunidade, pois ia ter que repousar por no mínimo dois meses. Consegui. Estive ao lado da minha DIVA, mas não foi o suficiente pra eu dizer a ela todo o bem que havia me causado, eu resumi tudo numa só palavra: Eu disse a ela MUITO OBRIGADO! Mas não posso deixar de explicar por que desse MUITO OBRIGADO, é isso que vou fazer agora:
PRIMEIRO: Você me fez rir, quando eu só pensava em chorar.
SEGUNDO: Você me ensinou a me valorizar, não dar mole logo no primeiro dia.
TERCEIRO: Saber concentrar quando é preciso.
QUARTO: Saber me defender quando for necessário, sem precisar me esconder atrais de ninguém.
QUINTO: Defender meus amigos, mas sem que isso venha a me prejudicar.
SEXTO: A pedir desculpas, mesmo sabendo que estou certa, só pra acabar com uma situação difícil.
SÉTIMO: A não esmorecer com o primeiro obstáculo e nem ao primeiro não.
OITAVO: A não ter vergonha de ser o que você é, sem ficar fazendo pose de fina e intelectual.
NONO: A mesmo que doe cumprir com uma decisão tomada.
DÉCIMO: A ser feliz, sempre. Mesmo quando está triste.
DÉCIMO PRIMEIRO: A pensar na felicidade dos outros, mesmo que isso me prejudique.
DÉCIMO SEGUNDO: A revidar a altura, quando molestada. Mas com sutileza, sem escândalos, pois assim não divido opiniões.
DÉCIMO TERCEIRO: A desculpar e passar por cima de situações dolorosas que pessoas de quem gosto me fizeram, mesmo sabendo que o que me fizeram não tinha desculpas, só porque gosto delas.
DÉCIMO QUARTO: A acreditar em DEUS em primeiro lugar , e não no homem, pois o homem é falho e DEUS é perfeito.
Em fim; foram tantas as lições que eu queria muito contar isso pra todos; e dizer que eu nunca a vou esquecer pois a professora; ela marcou meu coração com ferro em brasa, A cada vez que vejo sua imagem já começo a rir. A cada vez que ouso a sua voz, meu Espírito vibra de alegria, e só vou pensar no que ela disse depois. Normalmente concordo com tudo; pois ainda tem mais essa: É sincera, diz sempre o que pensa, e com isso, a verdade. Não se envergonhou de mim, porque não tem preconceitos, poderia ter me evitado, me tratado com uma certa distancia, mas foi amorosa, carinhosa, meiga, engraçada, riu de mim e comigo e me fez mais feliz do que eu imaginei que ficaria. Tem tudo pra ser metida e é simples, podia não querer se misturar com fãs lokas por ela, e fez questão de ficar no meio de todos. Não foi pedante. Respondeu todas as perguntas que fizemos, foi uma coisa rica e hoje, sabe escolher bem melhor as pessoas que quer como amigas e as que quer ao seu redor.É por isso que eu amo a Francine.
É por isso que a francine é importante na minha vida.
Márcia Gama dos Santos



